A destituição de um síndico é uma medida extrema que pode ser necessária quando sua gestão não atende às expectativas ou viola as normas do condomínio. 

Este processo deve ser abordado com seriedade e de acordo com as leis vigentes. O objetivo é garantir que a ação seja justa, transparente e legal, protegendo os direitos de todos os envolvidos, incluindo o síndico em questão.

Identificação dos Motivos Válidos para Destituição

O primeiro e mais importante passo é a identificação clara dos motivos para a destituição. 

Razões comuns incluem má gestão, falta de transparência nas finanças, e ações que não refletem o interesse coletivo dos condôminos. 

É crucial que esses motivos sejam bem fundamentados e documentados, pois acusações infundadas podem levar a disputas legais.

Compreensão das Leis e Regulamentações Aplicáveis

Antes de iniciar qualquer ação, é essencial compreender as leis que regem a administração de condomínios, em particular os artigos do Código Civil relacionados à gestão condominial e às responsabilidades do síndico. 

Esses artigos fornecem a base legal para o processo de destituição e definem os direitos e deveres dos envolvidos.

Novo Código Civil – Capítulo Condomínios (Posta o resumo do CC e leva esse link para ele)

Convocação da Assembleia para Destituição

Os moradores devem evitar a discussão desnecessária no grupo de whatsapp a respeito da gestão do síndico. Isso só agrava a situação e desvaloriza o condomínio.

É preciso fazer uma campanha de conscientização mostrando que se algum morador discorda de uma fala ou ação do síndico, é preciso falar diretamente para ele. Não se resolve nada opinando sobre o assunto com moradores ou até mesmo com o conselho. Quem tiver dúvidas, deve solicitar um agendamento com o síndico, ver a documentação e esclarecer todas as suas dúvidas. 

Caso isso não seja possível, a assembleia de condôminos é o fórum adequado para discutir e votar a destituição do síndico. 

Esta reunião deve ser especialmente convocada com este propósito, seguindo os procedimentos estipulados no Código Civil e na convenção do condomínio. A convocação deve ser feita com antecedência suficiente para permitir que todos os condôminos se preparem e participem da reunião.

Processo de Arrecadação de Assinaturas

Se o síndico em questão se recusar a convocar a assembleia, os condôminos podem tomar a iniciativa. Isso é feito coletando as assinaturas de pelo menos 1/4 dos condôminos (proprietários). 

Essas assinaturas demonstram um suporte significativo para a convocação da assembleia e são um requisito legal para prosseguir com o processo sem a iniciativa do síndico.

Preparação e Envio do Edital de Convocação

Após a coleta das assinaturas, um edital de convocação deve ser preparado, detalhando os motivos da destituição e as informações sobre a assembleia. Este edital deve ser distribuído a todos os condôminos, (inclusive o atual síndico) de maneira que todos recebam a informação, garantindo transparência e participação justa.

É importante lembrar que ¼ de assinaturas serve apenas para convocar a assembleia, não para destituir o síndico.

Será na assembleia com a maioria dos votos dos presentes/procurações que a destituição será feita ou não.

Realização da Assembleia e Apresentação das Acusações

Durante a assembleia, as partes devem ter a oportunidade de apresentar suas acusações e defesas. Este é um momento crítico onde as evidências de má gestão ou violação das regras do condomínio devem ser claramente apresentadas. 

Da mesma forma, o síndico deve ter a oportunidade de responder a essas acusações e também de renunciar o seu cargo se assim o desejar.

Votação para Destituição e Quórum Necessário

Após a apresentação das acusações e defesas, procede-se à votação. A destituição de um síndico requer a maioria absoluta dos votos dos condôminos presentes na assembleia, conforme estipulado pelo Código Civil. É importante garantir que o processo de votação seja justo e transparente.

Exemplo: Se tem 10 pessoas/procurações presentes e 6 votarem a favor da destituição, está feito.

Documentação e Respeito aos Procedimentos Legais

Todos os procedimentos, discussões e votações devem ser devidamente documentados em ata. 

Esta documentação serve como registro oficial do processo e pode ser crucial em caso de disputas legais posteriores. 

É vital que todas as etapas do processo sejam conduzidas de acordo com as leis para evitar alegações de ilegalidade ou injustiça.

Destituição de Síndico Profissional

No caso de um síndico profissional, o processo é similar, mas geralmente inicia-se com um pedido formal de renúncia, seguido pela convocação de uma assembleia para ratificar a decisão e eleger um novo gestor.

O Papel do Conselho Fiscal na Destituição

Embora o conselho fiscal possa desempenhar um papel consultivo no processo, a decisão final de destituir um síndico só pode ser tomada pela assembleia de condôminos. 

Vale a pena repetir: O conselho ou a administradora não tem o poder de destituir o síndico. Assim como somente a assembleia elege o síndico, somente a assembleia destitui o síndico. 

Transferência de Responsabilidades Após a Destituição

Uma vez que a destituição é aprovada, o síndico destituído deve transferir todas as responsabilidades, documentos e chaves para o novo síndico ou administrador designado. Em caso de recusa, medidas legais podem ser necessárias para garantir a transferência adequada.

Outro ponto muito importante que vale a pena ser lembrado: Se o condomínio tiver o interesse de ajuizar ação de prestação de contas ou queira fazer uma auditoria para comprovar possíveis irregularidades, não devem aprovar as contas deste síndico antes de ter certeza que está tudo certo

Conclusão

A destituição de um síndico é uma ação séria que deve ser realizada com cuidado, respeitando as leis e os direitos de todos os envolvidos. É uma ferramenta importante para manter a gestão eficaz e transparente em um condomínio.

E tudo isso pode e deve ser evitado. Como? 

Elegendo uma comissão em assembleia para fazer um bom e cuidadoso processo seletivo antes de levar os candidatos para a assembleia de eleição.

Opinião e Reflexão

A destituição de um síndico deve ser sempre vista como último recurso, após tentativas de resolução amigável e diálogo. Quando feita corretamente, garante a manutenção da harmonia e eficiência na gestão condominial.

Após entender o processo de destituição de um síndico, é fundamental conhecer as diversas formas de assembleias que ocorrem em um condomínio. 

Não perca nosso próximo artigo: “Quais os tipos de assembleias em um condomínio”, onde exploraremos os diferentes tipos de reuniões e seu papel essencial na gestão de um condomínio. 

Mantenha-se informado e preparado para participar ativamente na vida do seu condomínio!